25 de dezembro de 2011
Aos 27 anos.
Tenho uma criança entalada na garganta que bate o pé e não chora (mais)!
Constantemente ela me sacode alertando a falta que você faz, grita pelo seu nome sem retorno e acorda aos prantos depois de um pesadelo às 3 da manhã.
Minha menina sente falta do colo do pai mesmo crescida. Sente ciúmes e sente medo. Sente muito.
Sento na beira da calçada e sinto o vazio passando na rua, na minha nuca, nos meus pés descalços, completamente sujos pelos meus 10 anos de idade, com a dor do ferrão daquela abelha que me picou na escada da casa da vovó e que você curou com suas mãos de meu herói.
Aos 27 anos corro sem rumo numa reta até cair em seus braços exausta esperando seu colo e suas palmas por eu ter chegado ali. Termino no fim de uma rampa, sem fôlego e sem você!
Tentei ser seu menino, tentei ser sua princesa, tentei ser botafoguense, tentei ser a rebelde, tentei ser sua música, sua letra, sua melodia, tentei chamar sua atenção pintando o cabelo de azul, tentei ser a perdida na vida, tentei ser fotógrafa, tentei ser a atriz talentosa... e acabei sendo um pouco de tudo sendo apenas mil tentativas fracassadas de nada, enquanto eu só tentava ser seu orgulho.
Hoje é Natal, e aos 27 anos eu tentei ser a filha perfeita que não se incomoda com o desmazelo. Tentei respirar fundo (como sempre) e erguer a cabeça com um sorriso de quem é independente nesse mundo.
Sou dependente do seu amor e só você não percebe isso.
Desabei em lágrimas como a minha menina de 5 anos que, um dia, te implorou para nunca crescer!!! Ela não cresceu, pai!!!
Ela tem 27 anos, mas ainda é a sua criança.
(Lara Gay)
20 de dezembro de 2011
Doce destino
Era real, o show.
Ela estava ali no meio, fora do palco, como uma bailarina perdida na multidão.
Delicada e embriagada sorrindo para quem quisesse observá-la, na ponta dos pés.
Com a ponta dos dedos toquei naquela criatura. Não podia ser de verdade tanta pintura.
Era.
E eu só sabia o seu nome.
Ironia do destino ou coincidência?
Dias depois.
Lá estava a bailarina, num lugar tão comum para mim e tão estrangeiro para ela, num dia tão banal para ela e tão especial para mim.
Meu telefone tocou.
Aos prantos me embrulhei em seus braços desconhecidos buscando aconchego, e com a pureza de um anjo ela protegeu minha dor e me prometeu sorrisos.
Cumpriu!
Tem cumprido dia após dia.
Me fez acreditar em destino.
E que ele pode ter sabor e nome próprio.
O meu é doce... e tem o nome da bailarina!
(Lara Gay)
23 de novembro de 2011
Nosso Sempre.
16 de novembro de 2011
Pra não mais falar de amor...
... porque a leveza desse sentimento pesa mais que o suportável nas mãos da solidão
Nesse vai e vem inacabável de companheiros de corpo quando, na verdade, quem mais procura seu companheiro é a alma.
Caio em buracos e me ergo com a pressa de voar sem nem saber (ainda).
Corro diariamente não para chegar em algum lugar, mas para sair de onde estou. E nem sei o motivo.
Evito escrever, evito parar, evito pensar, evito sentir.
Tudo pra não mais falar de amor.
Pintei uma caixinha cheia de corações azuis e joguei minhas dores e amores ali dentro. Vez ou outra, olho pelo buraquinho lateral que fiz para eles respirarem enquanto tentam se resolver de alguma forma. E quase nunca consigo reconhecer quem é dor e quem é amor.
Nessa rima secular e estúpida que se acompanha eternamente virando clichê de músicas e poemas, eu me proíbo de juntar “amor e dor” em um texto, por isso, corto a tentação aqui!
Pra não mais falar de amor, mudei a trilha sonora da minha rotina, parei de ver comédias românticas e só leio livros de ficção.
Penso em sexo só por prazer, olho belezas sem me apegar e finjo ser fria pra disfarçar.
Tudo inútil.
O danado do amor sempre arruma um jeito de estar presente aonde quer que seja.
Pra não mais falar de amor, resolvi não amar... mas não consegui.
(Lara Gay)
5 de novembro de 2011
o azul e a violeta
19 de outubro de 2011
Infinitamente nós
25 de setembro de 2011
Ao lado do meu muro.
Sentada em frente ao meu muro, cansada de tanto bloqueio, sinto frio na solidão de ser só eu... e o muro.
Levanto meio desnorteada e ando com meus pensamentos em volta da minha construção. Encontro falhas no caminho, brechas cicatrizadas, bichos e pessoas esmagados... aonde eu vou parar?
Paro!
Chego ao limite do meu reino, e ao lado do meu muro encontro ... nada!
Um nada tão limpo e claro que me dá vontade de construir mais!
Eu e minha obsessão de sempre.
Reúno tijolos e sentimentos nas minhas mãos calejadas, e me preparo com um sorriso no rosto, um nó na garganta e o suor da tristeza para aumentar minha proteção.
....
....
....
Tentativa fracassada.
Sento em frente ao meu nada, ao lado do meu muro, cansada de tanto bloqueio, com frio da solidão de ser só eu... e nada.
Por minutos sinto aquela luz me aquecer, ouço vozes calmas ao longe, sinto a respiração da companhia do novo, fecho os olhos pra tudo.
Desisto.
Uso minhas velhas mãos calejadas para cavar.
Abro meu peito enquanto abro o buraco na terra.
Planto sementes que pretendo regar diariamente com lágrimas de felicidade.
Quero ver renascer a confiança perdida enquanto enterro meu egoísmo.
Quero ver crescer o que ainda há de doce em mim apesar do amargo que já engoli.
Quero ver o fruto do que pode ser belo apesar das feridas passadas.
Ao lado do meu muro estou dando um passo...
... é um risco que eu corro, mas depois de tanto tempo sentada, eu quero correr!
(Lara Gay)
20 de setembro de 2011
um breve comentário sobre um sonho constante
6 de setembro de 2011
Era apenas uma menina...
Andava pelas ruas com um salto chamativo, tinha um sorriso angelical apaixonante emoldurado por mechas pretas de cabelos lisos, e uma delicadeza em cada gesto que escondia uma maldade opcional dentro de si.
Era apenas uma menina com seus 20 e poucos anos.
Quando a vi pela primeira vez era como se eu caminhasse lado a lado com uma esfinge. Tanto mistério naquela magreza que não consegui sair do labirinto que era a sua vida. Me instigava cada vez mais aquela passarinha da voz afinada. Como podia ser tão livre e santa? Aonde ela guardava seus pecados?
Era apenas uma menina com seus 20 e poucos passos.
Entrei pela porta da frente, completamente aberta pra mim. Invadi seus segredos mais íntimos com a delicadeza de convidada, e fui deixando meus rastros pra ela me achar sempre que quisesse proteção. Deu certo.
Aos poucos conheci o lado humano daquela diva. Entendi o que é sorrir em cima do salto enquanto a maquiagem disfarçava a cara inchada. Bati palmas pro seu passado e com um nó na garganta abracei sua fragilidade. Abri sua caixa de defeitos tão bem escondida que nem ela sabia que ainda tinha. Tão linda e pecadora que sua ingenuidade a tornava pura.
Era apenas uma menina com seus 20 e poucos sonhos.
Um deles bateu à minha porta numa noite ao lado dela. Me surpreendi com tanto sofrimento acumulado, com tanta angústia guardada em um corpo tão pequeno. Guerreira maquiada com um violão embaixo do braço.
Tirou o salto e a maquiagem pra dormir no meu chão, se fez lágrimas discretas com vergonha de cair. Tive vontade de secá-las e dizer pra passarinha que tanta liberdade também pode ser uma prisão, mas preferi ficar quietinha observando aquela dor tão doce que se encostava em meu colo.
Depois de um silêncio confortante entendi que ela só precisava de um carinho, de um toque, de um cuidado.
Era apenas uma menina com seus 20 e poucos medos da solidão.
(Lara Gay)