31 de janeiro de 2011

Minha Poesia

Não faço poesia para os outros
Pra você, que debocha da minha arte?
Pra quem?
Pros quatro cantos que julgam os versos da parede?
Ri de mim pelas costas entre lobos e ignorantes
Enquanto leio contos soltos em livros velhos da estante
Sei de quase nada nessa vida
Você sabe da vida de quase todos
Prefiro permanecer no meu mundo em C
Clariceando, carpinejando, caindo
E você... criticando
Prefiro ser assim
A piada ambulante da sua boca invejosa
Que só cai na noite embriagada do suor de interesseiros
Minha arte é só minha
Não precisa de aprovação
Eu preciso da mutação (de mim)
Meu conhecimento e minhas descobertas
Quem me gosta é conseqüência
Meu objetivo não é um legado
Eu escrevo pra mudar meu eu
... funciona.
E isso basta pra eu continuar escrevendo.

(Lara Gay)

20 de janeiro de 2011

Luiza ou A musa de Tom

Toda luz da lua na afinação de tom (jobim)
Surgindo nua
Na pausa do som
Pra mim
Congelando sua face angelical na alegria
Torturando reles transeuntes com ousadia
Tem mania de mexer com a beleza
Essa menina que tira o ar
Sem nem notar
Me agarro em seu colo por defesa
Refúgio pecador
Eu não controlo minha fraqueza
Delírio sonhador
Vem maluca pra minha ordem
Invadindo
Se expandindo
Se instalando
Conquistando
Trazendo vida pro meu dia-a-dia
Causando a morte da monotonia
Então me deixa brincar de ser feliz
Enquanto você não cansa
Na dança
De ser atriz

(Lara Gay)

16 de janeiro de 2011

Lost


Me leve contigo?
Pra qualquer lugar...
Eu prometo aprender direitinho o que você tem a me ensinar.
Minhas feridas estão abertas, mas meus olhos ainda brilham
Te dou bom dia com lambidas se puder me dar abrigo
Deito e rolo no tapete por uma aguinha ou um banquete
Quero correr ao sol com uma bolinha pra buscar
Não ter medo da chuva enquanto durmo no quentinho
Não quero mais ter pulgas
Só quero um pouco de carinho
Reclamam quando eu lato
Me chutam quando esbarro
Não acho canto que me queira e nunca tive uma coleira
Não tenho nome e sinto fome
Sou cão perdido nesse mundo
Sem rumo na rua que me guia
Ainda sonho em ter minha cama e um pouco de alegria

(Lara Gay)

12 de janeiro de 2011

Íntimo

Que olhar tímido é esse, rapaz?
Chega mais perto pra eu sentir sua respiração
Divide comigo a minha cama enquanto sonho com seu toque
Quer um lanche?
Pode pegar
Pode pegar na minha mão também
Tá um pouco gelada, mas logo passa
É a tensão da sua presença
Te olhei de longe o tempo todo
Te olho sempre bem de perto
Você nunca sentiu
Me sente agora?
As borboletas já estão na barriga
Desculpe gaguejar no telefone
Acho que você me desconserta
Com certa leveza seu silêncio me é íntimo
Como pode?
Será nossa origem?
Nossos corpos não desgrudam
Sua boca é meu prazer
Um gosto de sorriso escorrendo em sua nuca
Será que a gente dorme?
Será possível?
Queria não acordar mais só pra te ter por mais tempo
Você volta, rapaz?
Diz que sim.

(Lara Gay)