Aos 27 anos ainda sinto a falta do cafuné na hora de dormir, de jogar peteca aos domingos no parque e de andar de bicicleta com você me guiando.
Tenho uma criança entalada na garganta que bate o pé e não chora (mais)!
Constantemente ela me sacode alertando a falta que você faz, grita pelo seu nome sem retorno e acorda aos prantos depois de um pesadelo às 3 da manhã.
Minha menina sente falta do colo do pai mesmo crescida. Sente ciúmes e sente medo. Sente muito.
Sento na beira da calçada e sinto o vazio passando na rua, na minha nuca, nos meus pés descalços, completamente sujos pelos meus 10 anos de idade, com a dor do ferrão daquela abelha que me picou na escada da casa da vovó e que você curou com suas mãos de meu herói.
Aos 27 anos corro sem rumo numa reta até cair em seus braços exausta esperando seu colo e suas palmas por eu ter chegado ali. Termino no fim de uma rampa, sem fôlego e sem você!
Tentei ser seu menino, tentei ser sua princesa, tentei ser botafoguense, tentei ser a rebelde, tentei ser sua música, sua letra, sua melodia, tentei chamar sua atenção pintando o cabelo de azul, tentei ser a perdida na vida, tentei ser fotógrafa, tentei ser a atriz talentosa... e acabei sendo um pouco de tudo sendo apenas mil tentativas fracassadas de nada, enquanto eu só tentava ser seu orgulho.
Hoje é Natal, e aos 27 anos eu tentei ser a filha perfeita que não se incomoda com o desmazelo. Tentei respirar fundo (como sempre) e erguer a cabeça com um sorriso de quem é independente nesse mundo.
Sou dependente do seu amor e só você não percebe isso.
Desabei em lágrimas como a minha menina de 5 anos que, um dia, te implorou para nunca crescer!!! Ela não cresceu, pai!!!
Ela tem 27 anos, mas ainda é a sua criança.
(Lara Gay)
4 comentários:
Simplesmente emocionante! Me identifiquei em vários momentos! Lindo, de verdade!
vc é muito linda!
Fantástico !
Isso foi... lindo!
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