21 de março de 2012

Sem saída.

Desesperadamente ela corre contra ela mesma procurando a saída daquilo tudo
A cada saída um beco sem saída sem ida e sem ela
De tanto fugir de si, esbarra nele...
De novo.
Como não cair naqueles olhos arregalados espantados de tanto vagar?
Como não deitar naqueles lábios mudos de tanto gritar?
Ele divaga no beco que é a vida dela
Usa e abusa de sentir o que já não é
Borra mais um pouco aquela maquiagem
Censura por mais umas horas uma vida vagabunda que tropeça o tempo todo
Nele
Ela implora a liberdade de se ser somente só
Entende que sua saída é nela mesma
Mas não a encontra
Dança sozinha tentando se acompanhar
Ele escreve engasgado de tanta mudez
Saem do beco, mas não saem de si...

Essas palavras que berram dos dedos dele só comprovam o desespero de tanta certeza confusa.

E ela ainda dança.

(Lara Gay)

7 de março de 2012

No seu tempo.

Quarta-feira.
Noite.
Me destruo ao som do rock.
Ou jazz?
Achando que sou outra, se não eu, a que nunca fui.
Querendo... ser.
Você.
Não a outra, como de costume.
Em algum lugar distante. Que não sei.
Que não sou.
Vou sendo de alguém que não sabe quem é.
Mas eu sei.
Entende sua confusão?
Foi assim o tempo todo.
Agora passou.
Passei?
O jazz saiu da minha vitrola.
Alguma coisa ficou.
Fiquei.
Fiquei?
Em algum lugar que já não sei.
Aonde você me guardou?
Por tanto tempo me guardei...
... pra você.
O tempo passou, e eu cansei.
Também quero passar...

(Lara Gay)