22 de dezembro de 2009

Até breve

Voo agora com meus pés no chão
Derretendo o gelo de calçadas no inverno
Ando sem rumo por caminhos tortos
Pulo buracos e tropeço em asas
Conquisto meu espaço sem punhais nas mãos
Sonho em paz com a magia da infância
Marco livros com páginas em branco
Refaço histórias com finais incompletos
Transbordo de ousadia em peles suadas
Tenho medo de olhos, gritos e toques
Mas me arrisco na surpresa do novo inconseqüente
O escuro nada mais é do que a minha coragem de olhos fechados
E meu impulso é o futuro promissor
Parto hoje com a certeza da volta
Deixo minha saudade nos olhos que me lêem
Agradeço as palavras e o apoio inesperados
Preciso abraçar minha essência distante
Meu sangue que escorre em terras estrangeiras
Um reencontro altamente confortante
Meu pedaço que se esconde no infinito
Renovo minha vida em contos de fadas
Guardem meu carinho
Voo pra longe
Mas volto em breve
Até.

(Lara Gay)

ps. Me ausentarei até o início de janeiro.
Deixo com vocês meu texto de despedida.
Um Feliz Natal e uma virada de ano repleta de paz e saúde para todos.
Muito obrigada pelas visitas e pelas palavras.
Até breve.
Minha irmã me espera com o Mickey!
;)

Lara Gay

19 de dezembro de 2009

Pendurei as minhas asas


Pendurei as minhas asas
Machucadas de voar
De tentar achar espaço
De bailar no seu cansaço

Pendurei as minhas asas
Desbotadas com seu beijo
Sem registros de outrora
Sem seu gosto que demora

Pendurei as minhas asas
Cansadas de covardia
Com a dor do seu adeus
Com calor dos braços teus

Pendurei as minhas asas
Perdidas no seu sopro
Fui sua rima no infinito
Fui o erro do conflito

Pendurei as minhas asas
Sem vergonha com certeza
Pé no chão e descalça
Por legítima defesa

(Lara Gay)

16 de dezembro de 2009

Devolva

Devolva minhas noites de sono
O sossego dos sonhos
Cerveja nos lábios
Alma roubada
Meu espaço vazio
Camisinha usada
Devolva o calor do meu corpo
Abrigo no porto
Pedaço de pão
Riso engasgado
Sabor do pecado
Meu seio em sua mão
Coração roubado
Devolva os berros da madrugada
Nascer do sol no Leblon
Sua roupa rasgada
A letra cantada
Minha calcinha molhada
Devolva o brilho dos olhos
Com gosto de sexo
O dia seguinte
Relógio atrasado
Tapa na cara
Gozo na cama
Nós dois no tapete
Uma parte esnobada
Devolva o cheiro da dama
Surpresa do encontro
Poesia bêbada no ouvido surdo
Contato extremo no colo mudo
Sua metade na minha implorando tudo
Devolva o azar do meu jogo
A sorte do dia
Vida bandida
Morte da cor
Meu ventre pelado
Migalhas de amor
Duvidosa certeza do errado
Acertando uma flecha perdida
Num alvo repetido desesperado
Devolva a asa do anjo
O peito pulsante
A gota de sangue
Respiração ofegante
Devolva a nota afinada
Esperança acabada
Linda rosa esmagada
Meu resto de nada

(Lara Gay)

12 de dezembro de 2009

Me conta?


Eis que surge um moço na madrugada
Transformando monotonia em poesia
Consertando minha asa quebrada
Levando tristeza
Deixando alegria
Contando uma nova piada
Surge um ogro encantado
Sapo de conto de fada
Grosseiro e desajeitado
Pedindo desculpas sem ter feito nada
Me conta historias
Revela memórias
Ilude esse ser com um pouco de paz
Rega minha flor que morre na escada
Alimenta uma noite de notas iguais
Espalha sorrisos no canto do olhar
Me permite a dúvida do seu andar
Fofo príncipe de meia tigela
Poeta apaixonado cheio de pecado
Abro minha porta e minha janela
Entra sem medo do inesperado
Me conta da vida
Me encontra perdida
Jogada no nada
Sem sono e calada
Veio sem pressa procurando abrigo
A alma é lenta, anjo
Dança comigo?!

(Lara Gay)

10 de dezembro de 2009

Autotortura


De manhã me sinto no buraco
Uma criança pedindo o colo da mãe
Chorando pelo leite derramado
Implorando a última bala
Quebrando o copo de propósito

De tarde me sinto vazia
Cheia de nuvens carregadas
Um temporal de gotas de sangue
Raios de desejos proibidos
Poças de lágrimas alheias

De noite me sinto sufocada
Livre pelo labirinto
Buscando a saída do nada
Batendo em paredes vizinhas
Recolhendo minhas partes no caminho

De madrugada me sinto sozinha
Eu, eu mesma e você
Sonhando com dedos na boca
Desejando seus traços na cama
Vivendo da morte do amor

(Lara Gay)

7 de dezembro de 2009

Leve


Às vezes o sol beija minha face dando boa noite
E eu sinto uma delicada sensação de plenitude
Misturada com uma pontada de saudade
Um cheiro de carência invade meu quarto
E a única coisa que peço é que a brisa me leve
Ou pesada ... mas me leve com você!

(Lara Gay)

2 de dezembro de 2009

Volte Sempre


Volte pra casa antes que minha vida escureça
Acenda minha luz e me ponha pra dormir
Volte com seu cheiro doce e seu riso envolvente
Com seu jeito desastrado de andar no meio fio
Volte antes que eu abrace o travesseiro
E antes que alguém ocupe minhas manhãs de meio dia
Volte com seu sotaque que me faz rir enquanto choro
E com toda a paz que você traz nas costas
Volte com nossos pedaços nas mãos
Remontemos uma história de amor e ódio
Sobrou tanto amanhã no nosso ontem destruído
Que talvez nosso presente seja mesmo um hoje de perdão
Volte sem pedras e com flores nos seus olhos
Traga o perfume da nossa dama da noite
Cubra nossas mágoas com beijos esquecidos
Volte pela escada
Aquela mesma
A cúmplice de nossos desastres noturnos
Volte com a voz que ecoava na janela
Mas com palavras doces sussurradas nas cobertas
Suas chaves na estante
Seu pijama sobre a cama
Nossos corpos quentes no chão frio
Volte pra antiga desordem de sentimentos
E pro desejo do fim do ponto final
Continuemos nossas linhas de lágrimas e sonhos
Marcando passos com sorrisos e alívios
Volte sem medo
Volte com vontade
Volte, combinado?
Volte sempre
Aqui é seu lugar

(Lara Gay)