16 de abril de 2013

Crescer dói.


Ninguém disse que seria fácil crescer.
Dói.
E não é só a dor emocional de se ver sozinha no mundo e ser responsável pela consequência do seu próximo passo não.
É uma dor física.
Dói a vista, a coluna, as pernas, o estômago, os seios.
Dói até o que não dói.
Você inventa dores.
Dói se olhar no espelho e ver que a pele de neném começa a ter rugas e que você arrancou o primeiro fio de cabelo branco. (Shhhhhhh!!! Ninguém viu!)
Dói a dificuldade de emagrecer apesar de todas as corridas e dietas e dói mais ainda esconder o chocolate favorito que você comia todo dia depois da escola.
A sua letra redonda já está cansada de ser perfeita e começa a fugir da linha... como você!
E pra fugir dessa dor de crescer você chora, surta, se acha feia, paga tratamento de celulite, estria, faz lipo, pinta o cabelo, põe botox, fica pobre e ... continua crescendo.
Você está com quase trinta anos e tem atitudes de dezoito, menina.
Você não percebe que já cresceu?!
Crescer é uma aceitação, não existe idade certa pra isso.
Quando se aceita essa dor ela passa a ser bonita, porque ela te faz melhor, te faz mulher.
E ser mulher é seduzir a si mesma.
É andar no salto alto mesmo com o peso da vivência nas costas e continuar elegante.
É maquiar as lágrimas pra se fazer bonita pro espelho.
É dançar sem música pra acompanhar o próprio ritmo.
A dor de crescer é vaidade, e toda vaidade em excesso se torna fútil.
Tenho me sentido fútil porque crescer ainda me dói.
Bem... mas pelo menos já aceitei a minha negação.
É um primeiro passo para ser melhor?
Para ser mulher?

(Lara Gay)