27 de fevereiro de 2009

ela, a outra e eu


"uma é quase feliz porque lhe falta algo
sua beleza está no passado incrível cheia de amores impossíveis
ela não mede esforços para uma paixão de verão
escreve tudo à mão e durante a madrugada, pois é quando a sua alma grita pelo vazio constante
e o que sai é só diamante
sua risada é a mais gostosa, riso de bebê
os seus olhos brilham pois é sorrindo que ela se mostra inteira
é com as amigas que ela não tem medo
ela livre desse jeito
sua bagunça é a mais organizada, pois ela é terra, é virgem
ela é um anjo, tem asas, por isso pode voar quando quiser
sua piscina pode não ter a suave água, mas a gosma por que navega é de uma cor que brilha tanto quanto o sol refletindo no mar

a outra traz consigo a memória de todos os amores infinitos
do primeiro ficou a saudade e a certeza de que ele seria o seu par
do último ficou a mágoa de uma vida inteira, mas a lição de que tudo passa
ela é feliz nas coisas simples, nas pequenas descobertas
ela é feliz lendo Clarice
sua casa tem a sua cara, cada canto, cada caixa, tudo no seu devido lugar
ela é organizada
ela vive entre o que é e o que não se pode dizer
no seu papel deixa-nos ver a menina dos olhos grandes e da alma profunda
ela tem a humildade de quem reconhece que não se é auto-suficiente
essa é a beleza do seu reinado de leoa
o seu sorriso é centro de todas as atenções aonde quer que ela vá
sua boca é um chamado de beijos alheios
sua pele branca é um chamado constante
ela é brilhante

já eu sou ela e também a outra
trago a terra mas também Clarice
sou um leão alado
meu caminho é a correnteza das águas que passa pela pasta saborosa das dificuldades de ser na impossibilidade
olho para uma e vejo a minha alma refletida
olho para outra e vejo a minha coragem escondida
eu sou a desordem organizada
meu sol brilha porque trago a lua
e porque quando eu nasci era uma delas que no horizonte surgia
elas vivem em mim
quando penso nas possibilidades de encontros percebo que este já estava previsto
vejo o sucesso dos nossos planos
e um futuro com todas as formas possíveis
juntas
ela, a outra e eu 
"

(michelly barros)

18 de fevereiro de 2009

pequena parcela


"que eu continue a acreditar no outro mesmo sabendo de alguns valores tão estranhos que permeiam o mundo 

que eu continue otimista mesmo sabendo que o futuro que nos espera nem sempre é tão alegre

que eu continue com a vontade de viver mesmo sabendo que a vida é em muitos momentos, uma lição difícil de ser aprendida

que eu permaneça com a vontade de ter grandes amigos mesmo sabendo que com as voltas do mundo eles vão indo embora de nossas vidas

que eu realimente sempre a vontade de ajudar as pessoas mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, sentir, entender ou utilizar esta ajuda

que eu mantenha meu equilíbrio mesmo sabendo que os desafios são inúmeros ao longo do caminho

que eu exteriorize a vontade de amar entendendo que amar não é sentimento de posse, é sentimento de doação

que eu sustente a luz e o brilho no olhar mesmo sabendo que muitas coisas que vejo no mundo escurecem meus olhos

que eu retroalimente minha garra mesmo sabendo que a derrota e a perda são ingredientes tão fortes quanto o sucesso e a alegria

que eu atenda sempre mais a minha intuição que sinaliza o que de mais autêntico possuo

que eu pratique sempre mais o sentimento de justiça mesmo em meio à turbulência dos interesses

que eu não perca o meu forte abraço e o distribua sempre

que eu perpetue a beleza e o brilho de ver mesmo sabendo que as lágrimas também brotam dos meus olhos

e que eu manifeste o amor por minha família mesmo sabendo que ela muitas vezes me exige muito para manter sua harmonia

que eu acalente a vontade de ser grande mesmo sabendo que minha parcela de contribuição no mundo é pequena

e, acima de tudo... que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada vida, criada por Alguém bem superior a todos nós, e que as grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns e, sim, nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós"

(chico xavier)

8 de fevereiro de 2009

Adotar é tudo de bom!


todo cão merece um lar feliz!
no Brasil milhões de cães vivem nas ruas e 70% acabam em abrigos.
infelizmente 90% desses nunca encontrarão um lar.
a pedigree lançou uma campanha chamada `Adotar é tudo de bom` que tem como objetivo conscientizar a população sobre as causas dos cães sem lar e ajudar ONGs protetoras de cães abandonados.
abrace essa causa você também! participe!
ajude a ajudar!
adote um cão, divulgue a campanha, compre os produtos... o lucro proveniente da venda é totalmente revertido para os abrigos participantes do programa.
 
carinhoso ou preguiçoso.
grande ou pequeno.
bagunceiro ou comportado.
escolha o seu!

este é o pelezinho...
... ele quer um lar!

macho - 2 anos - sem raça definida

saiba mais no site da campanha:
http://www.adotaretudodebom.com.br

4 de fevereiro de 2009

Menina Flor


não precisa ter medo menina flor.
existem espinhos nessa rosa que vos fala, mas eles nada são que uma forma ingênua de se proteger de inimigos que tentam me ameaçar.
já pisaram no meu jardim algumas vezes, minhas raízes ficaram fracas e algumas folhas minhas já caíram. tentaram me arrancar num dia ensolarado, o vento forte já me desequilibrou e por muitas vezes pensei em desistir.
mas o canto dos pássaros me fazia feliz e me dava forças pra continuar.
não precisa ter medo menina flor.
me pega com cuidado, com carinho, que meus espinhos não poderão te machucar.
vem de mansinho, pisa delicadamente no jardim, de pés descalços, sorriso nos lábios, me regue com amor, mas não me arranque daqui.
eu não posso viver trancada, mas eu posso ser sua.
não precisa ter medo menina flor.
eu gosto da risada das crianças e dos beijos dos namorados.
gosto de ouvir a campainha tocando e o cachorro latindo feliz.
eu vivo no meu canto, mas observo tudo.
eu observo você.
eu tenho espinhos.
me desculpa.
cuida de mim assim mesmo?
não precisa ter medo...

... menina flor!

(Lara Gay)

3 de fevereiro de 2009

meu primeiro amor...


o meu primeiro amor tinha cheiro de chuva de verão, uma ingenuidade de criança que dá as mãos e diz que ama, usava uma blusa comprida do irmão mais velho, um chinelo pequeno do irmão mais novo, e os seus olhos eram tão verdes que contrastavam com sua pele morena.

ele era um menino bonito, muito bonito.

o meu primeiro amor me escrevia cartas com uma caneta colorida, me dava ursinhos de pelúcia, flores arrancadas do jardim e fazia músicas para mim.

ele era meu refúgio meio inconstante, minha brincadeira séria. ele era o mais importante, o que eu pensava antes de qualquer pessoa, ele era o primeiro amor, afinal de contas.

o meu primeiro amor escrevia nossas iniciais no banquinho do canteiro, fazia um gol e apontava pra mim, me levava pra escola de mãos dadas.

crescemos como amigos, amantes e cúmplices.

brigamos quando ele repetiu de ano, comemoramos o casamento de seu pai, dançamos juntos músicas lentas, tivemos crises de ciúme, demos nosso primeiro beijo durante anos, fizemos promessas quando ele se mudou, terminamos, voltamos, terminamos, voltamos, terminamos... terminamos.... nos afastamos... ele se foi!

quando recebi a notícia eu tremia feito criança com medo do escuro, sabe quando parece que o mundo está realmente desabando em cima da sua cabeça e que nem o colo da mamãe pode te consolar? um nó na garganta que impedia meu ar de sair, comecei a gaguejar, um desespero incontrolável de tocar a pessoa de novo, andei de um lado pro outro durante horas, corri pela rua, voltei, sentei, levantei, andei de novo, não queria falar com ninguém, não queria que ninguém falasse comigo, as lágrimas vieram aos poucos, mas quando chegaram, senti o cheiro da chuva de verão saindo delas.

a gente sempre sonha em casar com o primeiro amor, a gente sempre acha que ele é o amor eterno, e o meu amor eterno não poderia estar findando ali, era muito cruel!!

o meu primeiro amor se foi há 5 anos, mas ainda ouço sua voz quando o vento sussurra no meu ouvido bem baixinho nas noites chuvosas, me dá a sensação de que é ele me dando boa noite. quando tudo dá errado e eu me revolto com o mundo, sempre escuto uma risada de neném vindo de algum lugar, é incrível, ele ria de tudo, ele achava que tudo terminava em risada, e então eu rio!

nossas melodias já antigas viraram caixinha de música onde ficam todas as nossas notas guardadas pra eu ouvir com saudade, suas cartas, as flores secas do jardim e os ursinhos, permanecem na nossa caixa de sapato, e quando me perguntam se eu já amei de verdade eu respondo sem hesitar... já!! e o meu primeiro amor era bonito, muito bonito!

um dia a gente ia casar!


(Lara Gay)