13 de agosto de 2012

O que não acontece.


Eu nunca entendi essas coisas que os pais falam quando somos crianças que precisamos planejar nossa vida. 
Bem, pelo menos meus pais me diziam isso. 
Mas mesmo sem entender, criei metas pra minha.
Eram mais ou menos assim:
Aos 23 anos eu conheceria o homem da minha vida, casaria aos 25 e aos 27 teria um casal de gêmeos. Aos 30 adotaria uma menina e, com certeza, já teria minha casa, um golden e um contrato fixo assinado com a Globo. Além de ter viajado o mundo todo, ter o carro do ano e ser magra.

Tenho 28 anos, moro sozinha com um shitzu, nunca fiz uma novela, já tive 3 "homens da minha vida", minha habilitação venceu em 2007, luto contra a balança todos os dias, conheço o mundo pela internet, trabalho no que aparece só pra me sustentar e fico no vermelho todo mês. 

Vez ou outra me lembro das minhas metas infantis e morro de rir, outras vezes me dá vontade de chorar e sinto pena dos meus sonhos mofados na memória... 
Em que momento me perdi na estrada das metas?
Em qual vida esbarrei que mudou a minha estrada?
Será que parei e não percebi? 
Pra não enlouquecer, crio metas novas, me alimento da minha humilde arte e não desejo mais o luxo de menina mimada.

E quando eu tiver um filho, se tiver, vou dizer pra ele que a meta mais importante a se traçar é abrir os olhos todos os dias.
O resto acontece... Ou não.

(Lara Gay)