20 de abril de 2011

Pesadelando...



Quando tudo não passar de um pesadelo, me nina enquanto choro?
A menina que eu sou se manifesta na solidão do apartamento
Apertando a boneca procurando um colo pra descansar
Cansada das esquinas tão perdidas que já caiu
Caindo no silêncio que se encontra em algum copo
Com um pouco de sono e muito de sede
Se der, me dê um beijo na face
Fazendo carinho nos cachos embaraçados pelo suor do sonho ruim
Ri de mim!
Pode rir da meia rasgada
Da camisola manchada
Engasgada de saliva eu me reviro pra te ver rindo
Vindo em minha direção com a proteção que eu tanto preciso
Nina a minha menina, menino?
Cuida dela e não se esqueça de mim?
Me toque sem medo
Me dando a certeza de que sou sua agora
Com a segurança dos olhos abertos
De um sonho real que se sonha acordado

(Lara Gay)

10 de abril de 2011

Aos anjos de Realengo


Pra onde vai, criança inocente?
Impediram a sua passagem pela estrada de pedras amarelas?
Sangraram seus sonhos pelo chão de onde se aprende.
De risadas ingênuas aos berros de desespero.
A saudade escorrendo pelo rosto de quem sente.
A dor de mãos dadas pra aliviar o sofrimento.
Seus cadernos ficaram na mesa esperando o ponto final da sua história.
A pureza foi massacrada deixando rastros na porta da sala.
Nas mãos do selvagem, a marca da infância, o fim de um começo, a crueldade de um ser não humano.
Lembranças se perderam no futuro de quem seria.
Manhã escura numa quinta ensolarada.
Te empresto minha paz para que durma num sonho bom.
Para que viva em sua morte sem pesadelos como esse.
Não chore mais, criança inocente.
A culpa não foi sua.
O céu está em festa enquanto a Terra é o inferno.
Bem-vindos, anjos.

(Lara Gay)

3 de abril de 2011

morena


me dê seu tempo em tempo de tê-la, morena
não desespere uma lágrima pra esse momento hostil
és bela em todos os tons
és doce de se querer sempre mais
de qualquer forma
com qualquer pose
me espere ao lado da cama
nós quatro em mãos e na lama
riremos do que se passa agora
morena do sangue que me corre sem saber
somos a família que eu sempre quis ter
nem tente fugir da união que formamos
estás segura em quatro peitos gritando de amor
mesmo no silêncio do que não se sabe agora
depois, no abraço de alívio, a despedida da dor
tudo vai ficar bem na correria desse dia
confia na tua força e na tua garra de mulher
morena, é rara a nossa sintonia
estamos juntas pro que der e vier

(Lara Gay)