16 de dezembro de 2009

Devolva

Devolva minhas noites de sono
O sossego dos sonhos
Cerveja nos lábios
Alma roubada
Meu espaço vazio
Camisinha usada
Devolva o calor do meu corpo
Abrigo no porto
Pedaço de pão
Riso engasgado
Sabor do pecado
Meu seio em sua mão
Coração roubado
Devolva os berros da madrugada
Nascer do sol no Leblon
Sua roupa rasgada
A letra cantada
Minha calcinha molhada
Devolva o brilho dos olhos
Com gosto de sexo
O dia seguinte
Relógio atrasado
Tapa na cara
Gozo na cama
Nós dois no tapete
Uma parte esnobada
Devolva o cheiro da dama
Surpresa do encontro
Poesia bêbada no ouvido surdo
Contato extremo no colo mudo
Sua metade na minha implorando tudo
Devolva o azar do meu jogo
A sorte do dia
Vida bandida
Morte da cor
Meu ventre pelado
Migalhas de amor
Duvidosa certeza do errado
Acertando uma flecha perdida
Num alvo repetido desesperado
Devolva a asa do anjo
O peito pulsante
A gota de sangue
Respiração ofegante
Devolva a nota afinada
Esperança acabada
Linda rosa esmagada
Meu resto de nada

(Lara Gay)

8 comentários:

Andressa Le Savoldi disse...

Amei sua poesia! Começando pela ilustração... e o título "Devolva", tudo, cada palavra foi um encaixe perfeito. Beijos mil*

Marcelo Mayer disse...

como voltar a ensinar a afinar o violão

Sinhá Flor disse...

E um suspiro nasce, junto com essa oração! Que ele não só apenas devolva a paz, como traga os sorrisos intensos e a certeza de que isso nunca lhe foi roubado!!
E sigam com as almas flutuantes e o coração na mão como um cristal,..., seu, dele!

Karolline Garcês disse...

chega a doer de tão lindo.

Flávio Barbosa disse...

Lindo poema! De emocionar! Adorei!

Bruna Savaget disse...

Devolver é igual a Dar e Viver!
Linda você!

Jay disse...

Tudo!Simplesmente mágico...
bjos

Espinosa disse...

Incrível!!!!! O que eu mais gostei até hojeeee! maravilhosa!