16 de novembro de 2009

No seu bolso

Ele bate na porta
Mudando meu dia
Trazendo alegria
A surpresa estampada no rosto
Surpreendendo a lógica constante
A semelhança do meu oposto
Reações da pele num instante
Me pede uma mala e minha presença
Eu nego com um inexplicável medo
E questiono sem regras sua sentença
Mantendo meu desejo em segredo
Ele ressurge abraçando uma vida sem cor
Compondo músicas
Beijando uma flor
Me leve no seu bolso pra qualquer lugar
Eu só preciso respirar
Você me liberta da aflição do não ser
Da rotina pesada e da cobrança insuportável de viver
Me trague até o talo
E me beba por inteira
Me devore enquanto eu falo
Não peça nunca a saideira
Me deixe no seu bolso até o fim da solidão
Carregue meu corpo em sua canção
Eu sapateio em sua língua desconhecida
Você toca na minha alma ferida
Sua voz enquanto eu durmo
Um momento que demora
Me proteja por um segundo
Ao acordar eu vou embora

Prometo.

(Lara Gay)

7 comentários:

Alonso Zerbinato disse...

Eis o mistério que preenche o impreenchível...

Marta disse...

"Me proteja por um segundo
Ao acordar eu vou embora"
Acho q eu me identifiquei profundamente com essa frase
E tbm acho que você traduziu ,muito do que to sentindo, mesmo não tendo nada a ver comigo...
Adorei!

Ava disse...

Não sei se estou perdida ou me achando por aqui...

Gosto de sentimentos viscerais...

E aqui eles escorrem generosamente...


Beijos!

Sara disse...

Gostei muito. Lindamente tu voas até num bolso, e traduz sentimentos....lindo...

gugupeixoto disse...

O teu adeus é o nome do meu olá!

Pâmela Marques disse...

"Me deixe no seu bolso até o fim da solidão."
E também ao lado, no coração, no sofá, na praça, no quarto. Em todos os lugares possíveis.

Beijo.

Mário Liz disse...

dá vontade de pegar um violão para que os acordes saiam deste blog e ganhem o mundo ...

tem muita melodia em tuddo isso aqui. e não melodia, sentimento e sinceridade.

é algo maior que sentir, é escrever por necessidade ... a coisa te sufoca, não é ? até que o poema vem e arromba a porta, feito um nó que se desata ...

da garganta.


bjão