10 de abril de 2011

Aos anjos de Realengo


Pra onde vai, criança inocente?
Impediram a sua passagem pela estrada de pedras amarelas?
Sangraram seus sonhos pelo chão de onde se aprende.
De risadas ingênuas aos berros de desespero.
A saudade escorrendo pelo rosto de quem sente.
A dor de mãos dadas pra aliviar o sofrimento.
Seus cadernos ficaram na mesa esperando o ponto final da sua história.
A pureza foi massacrada deixando rastros na porta da sala.
Nas mãos do selvagem, a marca da infância, o fim de um começo, a crueldade de um ser não humano.
Lembranças se perderam no futuro de quem seria.
Manhã escura numa quinta ensolarada.
Te empresto minha paz para que durma num sonho bom.
Para que viva em sua morte sem pesadelos como esse.
Não chore mais, criança inocente.
A culpa não foi sua.
O céu está em festa enquanto a Terra é o inferno.
Bem-vindos, anjos.

(Lara Gay)

Um comentário:

Unknown disse...

Nossa triste realidade. Eles merecem todo o carinho do mundo!
E é esse carinho, essa paz que você transmite... Linda poesia, linda poetisa!