17 de abril de 2009

Na rua


numa tarde fria me sinto quente, muito quente... tiro o casaco em meio a chuva e o suor me desce... frio...
prendo a respiração, salto do ônibus.
estou cara a cara com nosso ninho de amor.
a cada passo que dou, uma lembrança,
a cada som que escuto, sua risada,
a cada cheiro que sinto, seu perfume,
qualquer lado, todo lado, qualquer você, tudo eu... todo nós!
... na minha esquerda, uma dor... uma dor seis da manhã de um domingo, uma briga, lágrimas...
gritos!!
gritos na minha direita de uma terça feira qualquer uma da manhã por ciúmes.
começa a aumentar a chuva e cada gota tem gosto do nosso beijo ... do nosso beijo de cinema 5 da tarde de sábado no meio da praça... encharcados.
tanta saudade do que não vivemos, tanta dor pelo que fomos...
... tanta mágoa do que sobrou...
o que sobrou?
você seguindo com seu ego ferido, e eu caminhando com meu orgulho encontrado.
isso que somos hoje em dia.
pedaços de uma história mal contada por nós mesmos, trechos ditos com raiva da boca de amigos, fotos rasgadas embaixo da cama.
tanto amor, tanta vida, tantos desejos... tanta risada!
você lembra dessa parte?
ela existiu... eu tenho certeza... eu lembro.
não é possível que eu tenha enlouquecido tanto assim.
eu lembro!
hoje tudo isso não passa de uma caminhada meio alaranjada de cabeça baixa...
...
paro no sinal.
recoloco o casaco, um tanto quanto molhado.
olho para trás... respiro fundo!
vejo o vulto da nossa história ficando por aquela rua.
o sinal abriu.
olho pra frente e sigo adiante.


... com saudades de alguma coisa que não sei.


(Lara Gay)

Um comentário:

Jay disse...

A memória.
Sabia que tudo o que a gente lembra não é confiavel, acabei de ler isso em algum lugar... A nossa parte da imaginação é a mesma que a da memória, por isso pessoas romanticas lembram de tudo com mais romantismo, pessoas engraçadas com mais grça e por aí vai...Mas de qualquer maneira...vamos lembrando...
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